Hotéis investem em sinalização e comunicação visual

comunicação visual em hotéis

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Desenvolver um bom projeto é fator essencial para comunicação com todos os tipos de hóspedes e em um hotel ela difere sobremaneira por atender a um público basicamente não local, que fala diferentes e remotas línguas, com hábitos e costumes às vezes inesperados, demandando a aplicação não somente do português e Braille, mas também uma segunda língua

Um dos estabelecimentos que mais recebem públicos distintos é, sem sombra de dúvidas, os hotéis. O empreendimento recebe ao longo do ano pessoas de todas as regiões do Brasil e do Mundo, onde cada um de seus hóspedes possuem uma particularidade diferente. Por esse motivo, os hotéis devem investir em um projeto de comunicação visual e sinalização eficaz e que comunique de maneira direta qualquer tipo de hóspede. Para se desenvolver um projeto destes, o profissional deve ter muito conhecimento técnico, pois as premissas de conceituação do projeto são provavelmente as mais abrangentes dentre os diversos setores, pois envolvem em igual importância necessidades e objetivos diversos de teor legal/normativo, informativo, identificativo e promocional, com considerações de caráter objetivo e subjetivo. 

Primeiros passos
Segundo a Arquiteta Elisa Villares de Freitas, da empresa H2E Design, em uma abordagem puramente técnica, o projeto de comunicação visual de um hotel em nada difere do de outros estabelecimentos,  como escolas, restaurantes, hospitais. As funções são basicamente as mesmas: identificar ambientes/salas, transmitir informações (horários de funcionamento, opções de serviços ou produtos à disposição), advertir ou alertar (riscos, ações, atividades), direcionar para o correto deslocamento entre os diversos pontos de origem e destino, atender às leis e normas oficiais (municipais, estaduais, federais, ABNT, acessibilidade, segurança/bombeiros). “Também não é diferente no quesito de durabilidade, manutenção e limpeza, facilidade de alteração da informação, exigências importantes igualmente em hospitais, escolas, escritórios, onde asseio é imprescindível e o layout das salas estão constantemente mudando. O hotel depende ainda mais da comunicação visual em virtude dos “visitantes/ hóspedes” representarem altíssima porcentagem dos usuários.”, destaca a Arqª Elisa.

Em sua visão, Elisa afirma que para se propor um conceito de comunicação visual, é necessário que o empreendimento hoteleiro atenda a algumas premissas básicas. “É importante verificar o perfil do hotel e sua localização geográfica, ou seja, seu posicionamento de mercado e se é um empreendimento urbano ou de praia ou campo, se é executivo ou de lazer. Após a definição do empreendimento, faz-se uma análise do projeto arquitetônico para as definições técnicas do sistema de sinalização, das famílias de elementos e sua locação. Após o estabelecimento do projeto funcional, há o desenvolvimento de todos os elementos de comunicação visual: dimensional, materiais, tipologias, grafismos, código cromático, forma de fabricação e fixação”, analisa.

A comunicação visual num hotel difere sobremaneira por atender a um público basicamente não local, que fala diferentes línguas, com hábitos e costumes incomuns para os funcionários do estabelecimento, demandando a aplicação não somente do português e braille (este cada vez mais), como uma segunda língua (normalmente o inglês) e muitas vezes uma terceira língua. Os símbolos e pictogramos (como os bonecos dos sanitários) podem ajudar e devem ser inteligíveis e facilmente reconhecíveis. É uma tendência atual, utilizar imagens conhecidas no mundo todo, utilizadas amplamente em áreas públicas como aeroportos, estações rodoviárias, metroviárias, sem desenvolver ou estilizar as figuras, mesmo quando se trata de uma comunicação visual tematizada. “A comunicação visual no quesito promocional de um hotel se assemelha em intenção com a de centros comerciais, como shopping centers, pois deve estimular a vontade de consumir produtos, principalmente alimentos e bebidas e serviços, abrangendo outras áreas, como lazer, esporte e saúde. Esta comunicação pede elementos para mensagens rotativas como porta cartazes, faixas, exposição”, garante.

Público diferenciado
Por atender a pessoas de diferentes regiões e países e com objetivos mais díspares, seja o executivo a trabalho e suas convenções ou a família em férias, o hotel é um destino que deve propiciar muito conforto, relaxamento, discrição, mas também despertar a fantasia e novas emoções e sensações. Assim, na busca por inovar, o hotel muitas vezes opta pela tematização. Por tudo, isso o grande desafio em equilibrar no conceito e design dos elementos — pois a comunicação visual é composta 100% por elementos concretos e palpáveis — a parte técnica com a estética. Cada vez mais as unidades hoteleiras fazem parte de redes e grupos e a tendência é a internacionalização. Quando o projeto é de uma grande rede hoteleira internacional ele já vem pronto do exterior, mas em muitos casos, existe a possibilidade de inserir elementos da cultura nacional ou mesmo um toque pessoal, mas sempre tomando o devido cuidado de não deixar faltar informações.

Os elementos identificadores da marca são sempre rigidamente padronizados – letreiros das fachadas, totens, placas corporativas e institucionais da recepção – pois identificam e promovem a marca. Para os demais elementos pode haver ou não uma padronização da comunicação visual dentro da bandeira do hotel e pode ser um sistema mais ou menos aberto com diretrizes de desenvolvimento das peças ou com todos os elementos bem definidos sem nenhuma margem a alterações. De acordo com as categorias de hotéis, há uma grande diferença, com tendência a utilizar menos comunicação nos empreendimentos mais sofisticados e uma intensificação da comunicação visual nas categorias mais econômicas, até pela necessidade do auto-serviço cada vez mais frequente nos hotéis econômicos.

Segundo Elisa, no geral os empreendimentos hoteleiros demonstram muita preocupação quando o assunto é sinalização e comunicação visual. “Atualmente há grande preocupação com as questões de acessibilidade com o atendimento às normas existentes (NBR e bombeiro) e o setor hoteleiro é um dos que mais se atenta à esta questão, até mesmo por contemplar apartamentos totalmente adaptados. A comunicação visual acompanha esse movimento e amplia suas aplicações de sinalização para atender as normas e as rotas, áreas e ambientes acessíveis, mas também busca discrição para não inibir a pessoa com necessidades especiais. A comunicação visual cresce em importância como apoio das operações dos empreendimentos e faz a integração de todo o espaço para o perfeito uso por parte do prestador de serviço e do hóspede/ visitante, devendo ainda contribuir para a harmonização estética entre a arquitetura/ design de interiores, paisagismo e luminotécnica, se consolidando como grande “gerenciadora” dos layouts e fluxos do hotel. É importante frisar que todo e qualquer projeto de comunicação visual deve seguir rigorosamente a legislação pertinente no âmbito federal, estadual e municipal, e normas técnicas aplicáveis. Tratam-se de assuntos diversos abrangendo segurança (bombeiros), acessibilidade, postura (não fume, segregação, assédio, bebida alcoólica, sendo filmado, etc), publicidade das marcas nas fachadas. No caso de um hotel, há ainda algumas leis e normas específicas de âmbito nacional e internacional seja para assegurar maior segurança ou mesmo maior permissividade (como no caso do cigarro que é permitido nos apartamentos) para adequação às diferentes culturas”, finaliza.

Informações claras e objetivas
Além de contar com uma sinalização simples, clara e objetiva, os hotéis devem levar em conta no momento de colocar em prática seu projeto de sinalização e comunicação visual informações direcionais sobre produtos e serviços disponíveis como salas de ginástica, piscina, restaurantes, bares, salas de eventos e convenções e outras facilidades porque isto possibilita o incremento de receitas adicionais à hospedagem.

De acordo com o Arqº Norberto Chamma, da empresa Und Corporate Design, a sinalização e comunicação visual num hotel deve conter informações que tragam conforto e segurança para o hóspede, e assim contribuir para sua fidelização. “Para o empreendedor o investimento em sinalização principalmente aquelas com informações relativas as suas áreas de consumo, como coffee-shop, bares e restaurantes são muito importantes para atrair e manter o cliente no estabelecimento consumindo. Ao desenvolver um bom projeto de sinalização e comunicação visual num hotel existem metodologias consolidadas. O primeiro é o design do sistema suporte da informação. O segundo é a própria informação, cuja regra básica é dispor de informação certa no lugar certo com o mínimo de redundância. Outro cuidado é a linguagem e a quantidade de informação a ser disponibilizada em cada suporte. Placa não é lugar para escrever romance. A informação ponto a ponto deve ser precisa e não deixar margem a dúvidas”, afirma.

Segundo ele, se existe um segredo para fazer um bom projeto é fazer uma correta hierarquia de informações a ser distribuída no espaço. E infindáveis simulações de percursos, para distribuir a informação no espaço, como por exemplo: se o usuário está no ponto X, como informá-lo para que alcance o ponto Y. “O maior risco da sinalização improvisada é para a imagem do estabelecimento porque vira uma colcha de retalhos, isto é, diferentes suportes de informação e comunicação visual diferentes do sistema diminui a percepção quanto a eficiência e organização do estabelecimento. Projetar a sinalização em estabelecimentos com a operação consolidada é um processo bem mais simples, bastando um minucioso levantamento das informações existentes e complementando-as com as novas informações. Tão ou mais importante é questão da sinalização de emergência e segurança, muitas vezes negligenciada. Com uma população flutuante se expressando numa pluralidade de línguas e geralmente de curta permanência e assim portanto não atenta ou acostumada ao espaço construído indicar correta e precisamente rotas de fuga e procedimentos recomendados em situações de emergência mais do que necessário é vital para trazer tranquilidade aos hóspedes”, pontua.

O arquiteto alerta pelo fato de ainda existirem empreendimentos no Brasil que não se preocupam com a comunicação visual e a sinalização. “Em novos empreendimentos a sinalização faz parte dos projetos, mesmo porque se não houver pelo menos aqueles de emergência e segurança, não se obtém o competente Habite-se. Em nossa experiência constatamos que as cadeias internacionais de hotelaria se preocupam mais até por uma questão cultural do que as redes nacionais ou hotéis independentes. Existem consultores especializados e normas técnicas específicas para informações sobre acessibilidade. Mas como este é um tema que é relativamente recente constatamos que não está presente em grande parte dos hotéis mais antigos. No Brasil temos um sério problema cultural que é muita atenção a inauguração e pouca ou nenhuma atenção dada a manutenção. Assim é comum encontramos em hotéis placas diferentes do projeto original causando uma progressiva degradação do ambiente. Recomendamos portanto a revisão periódica das informações disponíveis nos projetos de sinalização”, finaliza.

Tradição e experiência faz a diferença
Na hora de executar um projeto de sinalização e comunicação visual é imprescindível uma sinergia muito grande entre quem projetou e quem está executando. Muitas vezes o menor preço que fez a empresa ganhar a concorrência, compromete todo o projeto em razão da qualidade dos materiais utilizados, ou mesmo a falta de know-how e qualificação da mão-de-obra. Não obstante, o hotel corre o risco de entrar em funcionamento sem a comunicação e visualização pronta em razão da empresa executora não ter conseguido cumprir o prazo de entrega.

Existem tradicionais empresas que atuam neste mercado e a Spring Signs é uma delas. A empresa iniciou as atividades na década de 90 trabalhando no sistema corporativo desenvolvendo grandes obras públicas e para vários tipos de estabelecimentos. A empresa possui um amplo know-how, domínio e multidisciplina sobre vários processos de fabricação, entre eles cortes a laser, router, a água, eletroerosão, quimiogravura, além dos processos convencionais. Isto faz com que a empresa desenvolva sinalização e comunicação visual em vários tipos de materiais, como papel, plástico, madeira, aço, alumínio, metais simples ou nobres e até mesmo em ouro. O maquinário da Spring é bastante moderno e em alguns processos específicos, a mão-de-obra é terceirizada, dentro do altíssimo padrão de qualidade da empresa, o que garante cumprimento de prazos de entrega. A empresa está capacitada para atender diferentes clientes corporativos que compreendem hospitais, escolas, universidades, hotéis, shopping centers, obras governamentais, entre outros. Segundo o diretor da empresa, Engº Frederico Viebig, a sinergia com os arquitetos e projetistas é fator determinante no sucesso do trabalho. Em alguns casos a Spring ajuda a desenvolver o projeto através da criação de protótipos e apresenta soluções de comunicação visual. Um outro trabalho que a Spring desenvolve são luminosos em led, através da marca LedBox. Esta tecnologia é muito superior aos tradicionais neons, em razão da iluminação mais nítida, baixa manutenção e alta durabilidade.

Comunicação tematizada
Com o objetivo de propiciar ao hóspede uma experiência cada dia mais agradável e marcante, a rede Vert Hotéis tem investido em uma comunicação visual unificada, onde os hóspedes conseguem identificar com o espaço através de cores e estilos. De acordo com Gustavo Souza, Gerente de Marketing da rede, em diversas áreas é necessário criar uma comunicação visual eficaz. “É extremamente importante criar um ambiente que tenha a comunicação unificada: as pessoas tem mais condições de se identificarem com o espaço através das cores, estilo do mobiliário, decoração, sinalização, etc. Esse conjunto faz com que cada um leve um pouco do estabelecimento em sua memória”, afirma. Na sua visão, a escolha de um tema no momento de elaboração do projeto de comunicação é essencial. “O primordial é escolher um tema com que os hóspedes criem uma interação, vontade de fazer parte daquilo, ou que tenham boas lembranças/sensações. A partir disso, são selecionados os ícones desse tema para a criação de uma “história” a ser contada pelos quartos, corredores, áreas comuns, etc”.

Para implantar os projetos de comunicação visual a rede teve que recorrer a empresas terceirizadas, como no caso dos hotéis em Belo Horizonte (MG) Ramada Encore Minascasa, o qual foi desenvolvido pela empresa Mutabile e teve o tema Cultura e Turismo em Minas Gerais; e o tema Música no Ramada Encore Luxemburgo, o qual foi elaborado pela empresa Greco Design. “A marca, por ser mais jovem e inovadora, pede que algo mais artístico seja feito. A comunicação visual está presente em nosso cotidiano das mais diversas formas, mesmo que não tenhamos essa percepção. Da roupa que você veste até o carro que você anda tudo é comunicação. Quando as pessoas entendem isso, tudo fica mais interessante”, comentou.

Papel duplo
Na visão de Thomas Hartmann, Gerente de Marketing da rede GJP Hotels & Resorts, a comunicação visual em um hotel tem um papel duplo em um empreendimento, onde, ao mesmo tempo que tem a função informativa, com papel muito importante para hóspedes e visitantes, ela precisa passar de maneira sutil o conceito da marca. Recentemente a rede iniciou a implantação de sua nova bandeira de luxo, intitulada ‘Wish’, a qual conta com um novo conceito de identidade visual. De acordo com Hartmann, “No caso dessa marca, que é de luxo mas com um conceito clean, trabalhamos substrato (metal, que é um material nobre e atemporal) com design baseado em geometria (atemporal) e fonte levemente serifada, o que traz nobreza mas sem exageros”, explica.

De acordo com o executivo, ao elaborar o projeto de comunicação visual, é necessário se atentar a diversos pontos essenciais. “São levados em conta a marca, o que quer que os hóspedes percebam dela, a arquitetura do empreendimento, zonas de passagem, atividades de lazer, infraestrutura em geral. Levamos em conta também o retorno que recebemos via relacionamento com o cliente – exemplo um ponto no Serrano onde não havia sinalização e o hóspede ia até a recepção para se informar”.

Para implantar o projeto de comunicação visual da bandeira Wish, a rede recorreu a empresas especializadas na área, sempre visando um resultado positivo. Outros pontos que a rede leva em consideração no momento da implantação do projeto são: perfil do público daquela unidade, a facilidade de leitura, contraste entre as cores para facilitar a visualização, entre outros.

Fonte: Revista Hotéis

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